Em 1980, o DNER (atual DNIT) tentou derrubar o Hotel Globo e algumas outras edificações existentes no bairro do Varadouro, buscando abrir espaço para passar uma avenida pelo local.

  • Esse assunto polêmico foi matéria, objeto de reportagem nacional, de grande repercussão em todo o Brasil.

Ocupou uma página e meia da revista Veja que, na época, era o principal semanário impresso do país.

  • Esse projeto – provavelmente – tramitou ocultamente de maneira dissimulada “por debaixo dos panos”, e justamente por isso não teve repercussão na imprensa local.

Esses fatos antecedem à construção daquela alça que foi feita na avenida que sai das proximidades do Terminal Rodoviário e alcança as BR’s 101/230 próximo à CAGEPA de Marés e Quartel do Corpo de Bombeiros.

Pouca gente sabe que o IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba) obteve várias vitórias no sentido de evitar a derrubada de diversos prédios antigos em João Pessoa, numa luta silenciosa que começou desde 40 anos atrás.

  • O instituto impediu que o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), atual DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre), derrubasse uma das preciosidades de João Pessoa, o Hotel Globo, uma edificação de 1912 que talvez seja o mais autêntico representante do estilo “art nouveau” (modo de construção que substituiu o casario colonial na Capital paraibana).

Abundante em espelharia de cristal comprado na Europa, o Hotel Globo hospedou por muito tempo gente ilustre da Paraíba e de fora do Estado, como o então jovem tenente do Exército brasileiro, Ernesto Geisel, que nele morou quando exerceu o cargo de Secretário Estadual de Finanças Públicas, em 1932, além de comandar o Regimento de Artilharia de Dorso (canhões sobre rodas de madeira puxados a cavalo), instalado provisoriamente num acampamento localizado no Engenho Massangana, na zona rural do município de Santa Rita, que posteriormente viria a se transformar no 16º RCMEC (Regimento de Cavalaria Mecanizada), atualmente sediado em Bayeux.

 

  • Geisel, além de virar nome de bairro em João Pessoa, tornaria-se o 29º Presidente do Brasil entre 1974 e 1979, sendo o 4º general colocado nesse cargo pela Ditadura Militar de 1964.

Seu governo foi marcado pelo início da abertura política e amenização da repressão imposta pela ditadura militar, no processo de redemocratização do país, com a extinção do AI-5, abrindo espaço para a Anistia e Eleições Diretas.

  • O IPHAEP conseguiu ainda vetar o projeto do DNER de construção de uma avenida, que derrubaria metade do bairro do Varadouro.

Esse projeto da década de 1980 do século passado também não prosperou.

  • Em seu lugar surgiu a Avenida Sanhauá, beirando o rio de mesmo nome, que separa as cidades de Bayeux e João Pessoa.

As únicas demolições ocorridas nesse espaço da malha urbana foram das oficinas de conserto de automóveis, todas transferidas para o Distrito Mecânico e dos restos da estação ferroviária de baldeação da RFFSA, que existia no terreno do Terminal Rodoviário de Passageiros, quando os ônibus tomaram o lugar dos trens.

  • Veja essa e outras informações pouco lembradas, nos fac-símiles da revista Veja, datados do dia 26 de novembro de 1980, reproduzidos aqui nesta postagem.

  • FONTE PRIMÁRIA DO BLOG do GM:

Flávio Ramalho de Brito é paraibano, nascido em Campina Grande.

  • São dele todos os créditos em torno da pesquisa exposta aqui, devido às páginas da revista Veja guardadas como suas verdadeiras relíquias, há mais de 40 anos.

Engenheiro Eletricista, formado e pós-graduado no antigo campus 2 da UFPB na cidade, hoje UFCG.

  • Durante mais de 27 anos, trabalhou na antiga concessionária estadual de distribuição de energia elétrica (SAELPA), onde ocupou vários cargos e também a Diretoria da área técnica, e, por duas vezes, foi Diretor do Fundo de Pensão da Empresa.

Durante cerca de 10 anos, participou da Diretoria do Sindicato dos Engenheiros no Estado da Paraíba.

  • Desde 2004, é Auditor Fiscal do Trabalho no Ministério do Trabalho e Emprego.

Autor de “Um Político da República Velha” (Ideia, 2017, 506 p.) e “O Tribuno – Castro Pinto e sua época” (Ideia, 2022, 246 p.) já tem pronto para publicação “O Bacharel Feroz”.

  • Em 2023, participou do livro “Paraibanos no Tribunal de Contas da União”, publicado pela APL e TCU/PB com um artigo abordando a figura do paraibano Thales Ramalho.

Participou com o estudo “Gilberto Freyre e a Paraíba e seus Problemas” em obra editada pela FCJA/EDUEPB/A UNIÃO sobre a Fortuna Crítica do livro de José Américo.

  • É membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, da Academia Paraibana de Engenharia – APENGE e da Academia de Letras de Campina Grande – ALCG.

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