Salve 14/04/2009. O dia era uma terça-feira. O Governador da Paraíba era José Maranhão. Lembro-me daquela tarde, ainda subindo as escadas do Palácio da Redenção.

Fui recebido pelo amigo Idácio Souto, na época assessor do Governador. Fiquei aguardando numa ante-sala, até ser chamado para uma sala de reuniões onde o Governador estava despachando ao lado do advogado Marcelo Weick.

Ao sentar à mesa, o Governador me ofereceu uma bolachinha que estava comendo, e perguntou por umas tias de minha mãe, amigas de infância dele.

Durante a conversa, o Governador perguntou minha idade, e eu disse que tinha 17 anos e que meu sonho era fazer parte do PMDB. Ele sorriu e disse que na minha idade já trabalhava ajudando o pai, e que me aconselhava fazer o curso de Direito, pois era muito esclarecedor para o cidadão brasileiro.

Pediu a Idácio uma ficha de filiação e pediu que eu preenchesse com meus dados. Ao atestar minhas informações naquela ficha, não sabia que estaria assinando os próximos 13 anos da minha vida. Após preencher, entreguei a ele e o mesmo prontamente assinou.

Neste instante uma senhora que não recordo o nome, entrou na sala e disse que haviam pessoas esperando o Governador para uma audiência, em outra sala maior.

Ao se despedir, Zé Maranhão pediu que fizesse parte do PMDB Jovem, que sempre priorizasse meus estudos, e que no ano vindouro me queria na sua campanha para o 4º mandato de Governador da Paraíba.

Em 2010, durante as eleições, ajudei na campanha dele em Cajazeiras, e votei pela primeira vez. A minha chapinha era: Raniery Paulino, Manoel Júnior, Wilson Santiago, Vitalzinho, Zé Maranhão e Dilma.

Após o fim do seu mandato, Maranhão me chamou em sua casa para me convidar para tomar conta das suas redes sociais, naquela época Orkut e Twitter. A partir dali passei a conviver com ele, diariamente, de manhã, de tarde, à noite e as vezes de madrugada (seu horário preferido), aprendendo as práticas da boa política.

Em 2012 fomos para a campanha de Prefeito de João Pessoa, mas não tivemos êxito, e ele me liberou no 2º turno para ajudar na campanha de Cícero Lucena.

Em 2014, até então candidato a Deputado Federal, Zé mudou de postulação com a desistência do nosso candidato a governador, e foi pro sacrifício sendo candidato a Senador.

O Senador da Paraíba. Vencemos as eleições e o PMDB, que tinha a “chapa da morte”, saiu forte daquela eleição, elegendo 3 federais, 5 estaduais, 1 Senador e ainda decidiu a eleição de Ricardo para governador com o apoio no 2º turno.

Em 2016 apoiamos a candidatura de Luciano Cartaxo, indicando Manoel Júnior para vice-prefeito de João Pessoa.

  • Em Campina apoiamos Veneziano.
  • Em Itabaiana, Antônio Carlos.
  • Em Mamanguape, Fabinho Fernandes.
  • Em Araruna, Lulinha.
  • Em Guarabira, Fátima Paulino.
  • Em Belém, Renatinha.
  • Em Patos, Nabor.
  • Em Sousa, Andrezão Gadelha.
  • No Cajá, Neuma de Saulo.
  • Em Catingueira, Dr Odir.
  • Em Fagundes, Magna Dantas.
  • Cláudio Madruga em Gurinhém.
  • Divaldo Dantas em Itaporanga.
  • Verissinho em Pombal.
  • Zezé e Chicão em Santa Luzia.
  • Eduardo Caxias em São José dos Ramos.
  • Erivan em Tacima.
  • Jurandir em Taperoá.
  • Nêgo em Teixeira.
  • Marcos Heron em Monte Horebe, e tantos outros.

Em 2018, Maranhão foi chamado pela executiva estadual do partido e aceitou ser candidato a Governador pela derradeira vez. Mesmo sendo 1º lugar nas pesquisas, em todas, diga-se de passagem, o PMDB sofreu seu pior momento, com a saída de quase todos os nossos correligionários, aqueles próprios que o lançaram candidato.

O partido se reduziu apenas aos fiéis. As Famílias Maranhão e Paulino. Ah, e por falar nos Paulino, a história nunca poderá apagar a fidelidade e respeito desta família ao PMDB e à Zé Maranhão.

Amigos de todas as horas e todos os momentos. De sol à chuva, inverno à verão. Verdadeiros peemedebistas, e sempre serão, independente de onde estejam. Privilegiado é o partido que os tenha.

Bem, voltando ao foco, ao perdermos as eleições de 2018, na segunda-feira depois da eleição, o Senador Maranhão estava em seu gabinete, na lagoa, despachando e atendendo. Aquele dia foi intenso. Ficamos das 9h00 da manhã às 20h00. Na terça, ele já estava em Brasília.

Em 2020, o Senador pediu que eu fosse para Campina ajudar a campanha de Tatiana Medeiros, em Campina Grande. Assim o fiz. No finalzinho do 1º turno, excepcionalmente em novembro, por divergências com dois membros da executiva estadual, que estavam na cúpula da candidatura de Nilvan, em João Pessoa, resolvi aceitar o convite de Luciano Cartaxo e fui ser Secretário Executivo de Turismo de João Pessoa.

Tentaram me desmoralizar criando uma fictícia “expulsão” pela minha nomeação, inclusive mandando release pra imprensa usando o nome do Senador, que desmentiu com 24 horas, sendo elegante e dizendo que meu posicionamento era individual e que o partido era grande e por isso poderia ter várias tendências, e relembrou o caso de 2014, quando Manoel Júnior votou com Cássio, mesmo o partido tendo candidato. Finalizou dizendo que no PMDB não se tinha caça às bruxas. Infelizmente, depois dessa eleição perdemos o nosso maior referencial de postura, honradez e respeito.

A executiva nacional do partido desrespeitou o estatuto e a história de democracia, e dissolveu a executiva estadual, eleita por convenção, e não deixou o natural acontecer, que era o Vice-Presidente Roberto Paulino assumir o comando do partido em definitivo.
O partido nacionalmente agora tem um único pré-requisito: broche. Mais forte que a história de fidelidade e trabalho.

Certa vez eu perguntei à Zé Maranhão se ele não ficava decepcionado com as traições, e ele me respondeu: “Meu filho, você conhece a imagem de São Sebastião? A diferença dele pra mim é que eu também tenho flechadas nas costas.”

Bem, chegamos em 2022, e eu nunca imaginei estar escrevendo minha carta de desfiliação do partido que fez, faz e sempre fará parte da minha vida. Foram momentos felizes e desafiadores no meu 15 do coração. Graças a ele fui Secretário municipal por 4 oportunidades. Trabalhei no Governo Federal. No Senado da República. Na Câmara dos Deputados.

Viajei todo o Brasil, e os 223 municípios da Paraíba. Rodei o mapa do país de avião, carro, ônibus, balsa. Fiz grandes e verdadeiros amigos. Fui eleito Delegado da Paraíba à convenção nacional. Fui eleito para a executiva nacional da juventude do partido. Recebi homenagens. Fiz cursos pela FUG. Me tornei mediador. Enfim, foram 13 anos de muitas lutas e conquistas, que a história jamais poderá apagar.

Hoje, anuncio minha desfiliação do MDB, mas serei sempre um soldado de Ulysses Guimarães e nunca deixarei de honrar a história de Zé Maranhão, a verdadeira história, combatendo aqueles que queiram se aproveitar de um legado limpo de mais de 60 anos de vida pública transparente e retilínea.

Agradeço à Deus por tudo o que vivi de bom dentro do meu único partido até hoje. Saio com o coração partido, e uma dor na alma, mas não direi nunca um adeus, e sim um até breve.

“…no meu quinze eu boto fé, o Governador da Paraíba é Zé! É QuinZé.”

Muito obrigado, PMDB!

Dihêgo Amaranto

Leave a comment