Zélia Maria da Silva, ativista no meio rural paraibano, era mais conhecida na década de 1960 pelo apelido de “Nêga Zélia”.

“Nêgo Fuba” (João Alfredo Dias) e “Nega Zélia” eram os mestres-de-cerimônia dos comícios e locutores dos carros-de-som nas passeatas promovidas pelas Ligas Camponesas (a denominação oficial era de Associação de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé).

Eles ocupavam-se ainda do roteiro de visitas dos candidatos aos eleitores durante as campanhas políticas, da panfletagem, da hospedagem das lideranças que vinham participar dos comícios, além da ornamentação dos locais das concentrações, tanto na cidade, quanto na zona rural.

NINGUÉM SABE, NINGUÉM VIU… QUAL É O PARADEIRO DELA?

Fizemos inúmeres buscas entre dirigentes sindicais e militantes da Ligas Camponesas que mantiveram contato pessoal com a “Nêga Zélia” e nenhuma das fontes consultadas soube dizer qual foi o paradeiro dela.

Como ela era considerada uma das principais agitadoras nos eventos organizados pelos camponeses, era de se prever que houvesse algum tipo de pista deixada nos arquivos do Exército, Polícia Militar ou demais órgãos de repressão política e ideológica que atuaram incessante nesse período histórico do Regime Militar instaurado no Brasil a partir de 31 de março de 1964, mas nada foi encontrado nos registros oficiais, inclusive nas fichas do DOPS da Paraíba e Pernambuco.

Existe apenas uma vaga suspeita de que ela não chegou a ser presa depois do Golpe Militar e conseguiu escapar da repressão, refugiando-se clandestinamente na cidade do Recife-PE, onde residiria até os dias de hoje, mantendo incógnito seu passado de luta em Sapé.

Ela talvez preferisse fugir das lembranças amargas do passado ocorrido 60 anos atrás e esconderia isso, inclusive, de familiares e amigos.

Nenhum parente próximo ou distante saberia dizer atualmente o que ela fez quando passou sua juventude em Sapé, como porta-bandeira principal das Ligas Camponesas.

A famosa “Nêga Zélia” teria criado uma nova vida, sem ligações com a antiga militância de outrora, no meio do campesinato organizado.

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