Conforme acordado pelo MSN e após várias trocas de e-mails, desde o início deste ano, aqui estão as primeiras perguntas e respostas para nossa pesquisa histórica, numa garimpagem de 58 anos depois…

1) Qual é o seu verdadeiro sobrenome? Delores? Dolores ou Patricia Worthy Oyeshiku, como você está agora no seu perfil do Facebook? Você usou algum pseudônimo para proteger sua verdadeira identidade americana?
1. Meu sobrenome verdadeiro é Oyeshiku. Meu nome de solteira é Digno. E meu nome do meio é Delores. Eu nunca usei um pseudônimo.

2) Qual é o nome completo de Lee e qual é sua vida profissional atual depois que passou por Sapé? Onde ele esteve? Você voltou do Brasil direto para os Estados Unidos ou viajou para outras partes do mundo?
2. O nome de Lee é Leion Mandelson Jr. Não sei se ele está vivo, embora tenha ouvido falar que ele faleceu. Eu o vi muito quando morei em San Francisco, na Califórnia, muitos anos atrás. Ele estava tendo alguns problemas mentais. Ele morou em San Diego por algum tempo como membro da Self Realization Fellowship (Irmandade de Autorrealização), o que parecia lhe dar grande alegria. Conheci os pais dele, e eles eram maravilhosos.

3) Você estava em Sapé trabalhando voluntariamente para uma instituição internacional ou foi bolsista do programa governamental “Aliança para o Progresso”, existente na época entre Brasil e Estados Unidos?
3. Eu estava em Sapé trabalhando como Voluntária do Corpo da Paz, que foi iniciado pelo Presidente John F. Kennedy, se era sua missão, como ele disse: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer por seu país”.

4) Lee trabalhou no Hospital de Sapé em que função? De qual matéria você foi professora no Ensino Médio?
4. Na verdade, Lee era um trabalhador de desenvolvimento comunitário. Eu ensinei inglês. Eu ensinei inglês no ensino médio por 37 anos na mesma escola. Recebi meu título de doutorado vários anos depois de voltar do Brasil.

5) Seu amigo barbudo que aparece na foto com você também morava em Sapé na década de 1960 ou essa imagem foi tirada em outro lugar? Qual o nome dele? E sua profissão?
5.O barbudo é meu marido há 54 anos, Anthony. Eu o conheci quando visitei sua faculdade enquanto trabalhava para o Peace Corps como recrutador. Ele é um arquiteto aposentado. Ele nasceu em Lagos, Nigéria (África).

6) Você teve contato com lideranças ou militantes das Ligas Camponesas, como Elizabeth Teixeira, Pedro Fazendeiro, Nêgo Fuba, Nêga Zélia?
6. Não tive contato com nenhum dos grupos que você mencionou. Eu nem sei quais são.

7) Em seu trabalho como professora no Ginásio e no trabalho de Lee no hospital, houve contato com militantes camponeses ou eles os viam com “certa desconfiança” porque vocês não eram brasileiros, mas cidadãos norte-americanos, embora de forte etnia latina?
7. Nunca senti desconfiança. Eu não sou latina. Eu sou afro-americana, nascida em Miami, Flórida.

8) Você ainda possui fotografias, documentos, recortes de jornais, revistas ou qualquer outro tipo de registro da época em que morou em Sapé? Serve cópia ou fac-símile de passagens aéreas, recibos de compra, passaporte, carteira de trabalho, etc.
8. Fiz um diário durante os dois anos que estive em Sapé. Eu procurei através dele (não existe nenhuma fotografia dessa época), e é tudo. Só palavras.

9) Além de você e Lee, atualmente ainda existe a possibilidade de conhecer outras pessoas que também estiveram em Sapé nessa época e com quem você mantém contato via e-mail, Facebook, etc???
9. Estou em contato com duas ou três pessoas de Sapé.

10) Por fim, se não se importa, gostaria de publicar fotografias da época e também atuais que consegui coletar desde o início da pesquisa, em 2015, até hoje.

Abaixo, estão registros de passagens do casal por Marrocos e Nigéria, coletadas em seus álbuns pessoais e particulares de imagens recentes. Continuam trabalhando como Voluntários do Corpo da Paz (Peace Corps).

 

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