Quando o mestre da “Guerrilha Cultural”, Pedro Osmar, compôs no início dos anos 1980 a bela e emblemática canção de protesto “Baile de Máscaras” (gravada por Elba Ramalho em seu 2º LP, intitulado “Ave de Prata”), jamais poderia imaginar que em algum dia, 40 anos depois, seus versos que bradavam “vestiram roupas de mulher, calçaram botas de soldados e saíram por aí, dizendo que era Carnaval”, fossem tão atuais.

Pois é justamente essa versão de saias, coturnos e folia de Momo, que caracteriza o atual Romilson Rodrigues (maquiador profissional, instrutor de makeup, personal trainer e ator de televisão e teatro) que incorporava o personagem Diet, ao lado de seu irmão/irmã gêmeo/gêmea Romildo, dando vida à sua cara-metade Light (hoje chamada de Letícia Rodrigues) feito Alice no Espelho.

Ou seria exatamente o contrário? Eles ou elas são tão iguais, semelhantes, idênticos… que talvez eu tenha misturado tudo e feito um vatapá sem sal e óleo de dendê. Será?

Estou fazendo confusão? Seria mais uma bizarrice de Johnny Depp encarnando o Chapeleiro Louco no “Curral das Maravilhas”, como parodiava o cantador e violeiro Vital Farias nos anos 1970?

Bem, vamos explicar tudo direitinho, pra você entender sem muita complicação.

Começando pela separação de gênero, já que não existe mais (pelo menos formalmente), a dupla Diet & Light que povoou o imaginário popular durante 20 anos, ouriçando a galera, despertando fortes emoções, aumentando a temperatura, soltando a libido de homens, mulheres, indecisos e provocando as mais diversas reações do público diante da beleza estonteante das duas loiras, morenas, ruivas, etc…

Romildo era Light e virou Letícia. Romilson era Diet e continua com o mesmo nome registrado em cartório.

Letícia Rodrigues é “mulher trans” e segue sua carreira-solo de sucesso nos palcos, interpretando (Eternamente) Bibi Ferreira, Herodíades (Paixão de Cristo 2022), etc.

Romilson Rodrigues é “homem cis” e prefere fazer musculação, embora continue com seu lado feminino muito forte, como maquiador, nos bastidores dos camarins.

(***)

Juntos e misturados (antes), separados mas não desunidos (hoje, em noite e dia, dia e noite, madrugada, etc), cada um do seu jeito, seguem trabalhando com arte teatral, maquiagem circense, fantasias, alegria, erotismo e tudo mais.

Podemos destacar na carreira da dupla, os seguintes espetáculos:

1) Pastoril Profano
2) Mulheres
3) As Três Porquinhas

Individualmente, enfatizamos agora as produções de cada um:

ROMILDO (EX-LIGHT, AGORA LETÍCIA RODRIGUES, ATRIZ @OFICIAL)

1) A Usurpadora – Uma Comédia Mexicana
2) O Pequeno Príncipe
3) Gestora do Teatro “Ednaldo do Egypto”

ROMILSON (EX-DIET, USANDO O MESMO SOBRENOME RODRIGUES)

1) O Surto – A Comédia
2) Clown e Cor: Automaquiagem circense
3) Coletivo Cara Dupla de Teatro

 

 

Ambos ou ambas estarão no X Baile dos Artistas, organizado por:

Chico Noronha
gestor cultural e jornalista

Roberto Maia
produtor e psicanalista

Madeleine Braga
bailarina, coreógrafa, psicóloga

Joalisson Cunha
ator e arquiteto

Helder Nobrega
diretor de arte e professor de cinema

PARA RELEMBRAR, OUÇA ABAIXO A MÚSICA “BAILE DE MÁSCARAS”, COM ELBA RAMALHO NO INÍCIO DA CARREIRA

2 Comments

  • Flor Maranhão
    Posted 3 de junho de 2022 22:17 0Likes

    Boa noite. Me parece que trechos como o seguinte: “Estou fazendo confusão? Seria mais uma bizarrice de Johnny Depp encarnando o Chapeleiro Louco no “Curral das Maravilhas”,” , parecem bastante transfóbicos. Imagino que não seja a intenção do autor, certamente. Mas dá a impressão de que as trajetórias biográficas das 2 pessoas seriam bizarrices. Pode ter sido só impressão minha.. Além disso, a Letícia é tratada no masculino em alguns trechos. Se é uma mulher, deve ser tratada no feminino.

    • Giovanni Meirelles
      Posted 4 de junho de 2022 09:19 0Likes

      Querida, consultei vários entendidos no assunto, especialistas mesmo, na questão (antes de publicar a matéria) e todos foram unânimes em aprovar o texto assim, do jeito que ele está. A confusão é proposital. A intenção é provocar o caos na cabeça das pessoas que não conseguem compreender as novas denominações de gênero, como trans, cis, etc. Lembre-se que o artigo é opinativo e começa falando em 1980. Há 40 anos, muitos achariam bizarrice mesmo, usar “roupas de mulher e botas de soldados”. Hoje é comum e bem aceito, normalmente. O Brasil é que está transfóbico e homofóbico. Eu, jamais. Longe de mim. Tô fora. A intenção é provocar as pessoas atrasadas que não conseguem perceber que o planeta inteiro agora é outro. Tudo mudou, de 1980 pra cá. Até as roupas de mulher e as botas de soldados. É tudo uma brincadeira, uma gozação. VC tá certa. Grato pelo comentário. Tamos juntos e juntas. E compareça, marque presença com sua fantasia no Baile dos Artistas. Garanto que vai ser muito legal.

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