Dezesseis anos depois de sua primeira edição, em 2007, pela EDUSC, de Bauru-SP, conhecemos agora a segunda edição da obra “Joaquim da Silva: Um Empresário Ilustrado do Império”, de autoria do historiador Francisco de Sales Gaudêncio, ladeado na foto acima pelo Presidente da Academia Paraibana de Letras, Ramalho Leite e pelo Desembargador Federal Rogério Fialho.

  • Um estudo biográfico que se insere no âmbito da nova história cultural, revelando a transmutação da velha biografia tão condenada pelos historiadores dos Annales.

Lançada pela Editora Noeses, de São Paulo, devidamente revisada e atualizada (Número de Páginas: 332), ela relata os caminhos de um homem comum pela origem, e cujos limites paroquiais poderiam ter restringido sua atuação, e ao mesmo tempo incomum, pelas suas realizações no campo da educação, artes, cultura e política de Areia, uma pequena cidade do Brejo Paraibano do século XIX.

  • Neste livro, o areiense Joaquim José Henriques da Silva, uma figura aparentemente esmaecida e perdida no tempo pode ressurgir, devidamente resgatado como um autêntico ser social e histórico moldado pelas palavras do historiador Sales Gaudêncio.

Um verdadeiro autodidata, que se tornou advogado provisionado, defendendo os humildes e fugitivos da escravidão num momento de avanço da campanha abolicionista; que mesmo sem concluir os ciclos da educação formal tornou-se um dos maiores latinistas do seu tempo, escrevendo o seu famoso “Manual do Estudante de Latim”.

  • Ele disputou com destaque uma vaga para a cadeira de Latim da Faculdade de Direito do Recife-PE, em que seus concorrentes foram o professor Tobias Barreto e o padre Felix Barreto de Vasconcelos.

E que mesmo com as suas limitações dedicou-se ao magistério, criando escolas e sendo responsável pela formação de dezenas de grandes nomes da sociedade areiense ou como jornalista, fundando vários jornais, e, como político, elegendo-se deputado provincial pelo Partido Liberal em cinco legislaturas.

  • Um apaixonado pela arte e cultura, foi o estimulador das artes cênicas, criando o “Teatro Minerva” – ainda hoje existente – uma biblioteca e um Gabinete de Leitura.

Longe de tentar reconstruir a figura do herói ou do mito, a obra dedica-se a reconstrução do homem possível, afinado com as necessidades e as aspirações de uma coletividade e, que a todo momento procurou torná-las realidade, o que o transforma em um personagem extraordinário.

  • NOTAS ADICIONAIS DO REDATOR DO BLOG:

Nascido a 3 de julho de 1820, Joaquim da Silva, aos vinte anos de idade, passou a reger a cadeira de latim e francês em Areia e fundou um internato, para o ensino secundário, que manteve até 1882, quando foi residir na capital paraibana.

Foi um dos responsáveis em construir o Teatro Recreio Dramático (hoje Teatro Minerva), instalou ainda a primeira biblioteca de Areia que funcionou no sobrado de seu pai (onde hoje funciona a Decorama) e criou um clube de dança, com o fim de movimentar o meio social.

Como administrador fez calçamentos na cidade e executou os trabalhos da estrada de rodagem na Serra da Onça – entre Areia e Alagoa Grande – por um traçado que ele mesmo estudara, mesmo sem ser topógrafo ou engenheiro.

Ainda construiu um poço, onde atualmente está o Banco do Brasil, posteriormente tapado depois da morte de uma menina perseguida pela própria mãe.

No que diz respeito a sua profissão de fé dizia-se espírita, numa sociedade hegemonicamente católica, realizando experiências em seu grupo familiar onde servia como médium seu filho Júlio Silva.

Joaquim faleceu no Recife-PE em 1º de julho de 1889, onde foi procurar tratamento médico e a cura dos males que afligiam sua saúde.

A causa da morte, segundo a nota do jornal A Verdade (seguindo as regras do idioma português escrito na época), foi que ele falecera em Recife “onde tia ido em busca de melhoras de seus padecimentos chrônicos da bexiga”.

 

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