Já tem um candidato, o professor do Departamento de História da UFPB e pesquisador do INSA José Jonas Duarte, que divulgou uma espécie de carta de intenções.
- Do professor Jonas Duarte, candidato à direção do Instituto Nacional do Semiárido (INSA):
O INSA não pode ser reduzido a um “Centro Tecnológico”, como exaltou outro dia a Diretora.
- Vejam. Nós dispomos, já há tempo, de técnicas e tecnologias para resolver todos os problemas do Semiárido. Aliás, do mundo.
O INSA não pode, portanto, ser reduzido a um órgão de pesquisas e aprofundamentos dessas tecnologias e técnicas.
- Temos as EMBRAPAs que são centros de excelência (EMBRAPA Semiárido, Algodão, Caprino, etc).
Temos hoje uma gama de universidades e Institutos Federais espalhados pelo Semiárido.
Mais de 200, em algum momento abordando temas do Semiárido.
- Então, qual seria o papel destacado do INSA?
Ao meu ver, o papel de pensar o Semiárido e de articular em duas dimensões a ciência e as tecnologias produzidas nesse território.
1. O que seria pensar o Semiárido?
Pra mim é fundamental INVERTER a visão hegemônica sobre esse território.
Como diz nosso amigo Zé de Souza. É preciso abordar a semiaridez como vantagem. Isto é.
- A tarefa primordial do INSA é DESCOLONIZAR MENTES.
A partir do paradigma “apanhado” por Roberto Marinho (UFRN) e produzido nas lutas sociais, no “aprender fazendo” da convivência com o Semiárido.
Aqui não só a questão climática da Semiaridez, mas o clima, o bioma (fauna e flora) e, sobretudo, o seu povo, sua população.
- Descolonizar significa compreender o que é o Semiárido em sua formação Histórica (sociológica, econômica e cultural) e compreender o porque da narrativa construída sobre o Semiárido.
Compreendê-lo dentro do contexto do capitalismo dependente brasileiro.
2. O que seria essa articulação das ciências do Semiárido.
O INSA, como órgão do MCTI precisa articular o universo da produção científica no e para o Semiárido com a “ciência” popular.
Digo: com os saberes populares. Guardados e passados de geração a geração.
Os saberes ancestrais. Digo com franqueza.
Só a articulação destes saberes é possível descolonizar mentes, cultura.
- E aí é fundamental que o INSA se articule UMBILICALMENTE com os movimentos sociais que atuam no Semiárido e que o TRANSFORMARAM nestes últimos 25 anos.
Não por acaso, o Semiárido Brasileiro é o território que mais mudou nos governos petistas. E não por acaso, é o território que deu em média 78% dos votos ao candidato presidencial do PT nas últimas 5 eleições.
- Não sintonizar o INSA com essa condição política e cultural do território é algo autoritário, antidemocrático.
Manter o INSA com bolsonaristas ou mesmo ligado a grupos oligárquicos locais do centrão é uma covardia. Uma traição com sua população.
- AUTORIA – Graduado em História, José Jonas Duarte é mestre em Economia (UFPB) e doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP).