O sentimento de posse conduz à maioria o descumprimento das promessas, a exemplo do deputado cabo Gilberto Silva, que já está no segundo mandato, o primeiro de deputado estadual e agora deputado federal.
- Este parlamentar há seis anos não consegue proporcionar aos policiais que o elegeram projetos, ideias, propostas, iniciativas, soluções, discursos, ações para beneficiar os soldados, cabos, sargentos, subtenentes e oficiais da polícia militar, bem como das demais forças de segurança.
Na mesma medida, as guardas municipais e os policiais da polícia penal.
- O fato é que os profissionais da segurança não viram, até a presente data, nenhuma ação que o deputado cabo Gilberto tenha feito em favor da segurança do povo paraibano, da polícia e que beneficiasse os policiais da Paraíba.
Um questionamento relevante que nos inquieta é o seguinte: o que o deputado cabo Gilberto fez até agora pelos policiais, pelo povo paraibano, pela polícia e pela Paraíba?
- É preciso se avaliar qual é a capacidade que um indicado ao parlamento possui antes de pensar em votar nele, pois o político pode ser o reflexo da “anomia” política de um povo, que ao revoltar-se contra o sistema político passa a votar em qualquer inepto na política como forma de protesto irracional.
Precisamos de políticos comprometidos com as preocupações da segurança pública e com as diversas pautas que interagem e dialogam com a sociedade, a segurança e defesa social, na perspectiva de uma sociedade mais segura, fraterna, solidária, produtiva e feliz.
- Entretanto, temos na figura de muitos parlamentares, apenas o sentimento de manter o projeto político que o levou ao poder, esquecendo e deixando de lado as recensões, necessidades e ações que deveriam existir em defesa dos policiais, da segurança púbica e do povo da Paraíba.
Exemplo disso é o debate em torno da morte da vereadora Marielle Franco e do seu então motorista Andersom Silva, barbaramente assassinados pelo crime organizado no Rio de Janeiro, onde através de um dos acusados da morte, o deputado federal Chiquinho Brasão, se desenrola um emaranhado e sistêmico fétido dentro da política naquele estado.
- Também as milícias do Rio de Janeiro, braço armado dos gestores do crime organizado, disputam territórios e poder na política e no mundo empresarial.
Para melhor atestar o episódio do dia 10 de abril do corrente ano, na Câmara dos Deputados, em Brasília, foi realizada votação para saber se os parlamentares federais diriam SIM ou NÃO para manter preso ou solto o acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco e Andersom Silva.
- A Paraíba e os demais estados viram 129 deputados da Câmara Federal votarem pela soltura do acusado de ser um dos mandantes da morte de Marielle Franco e Andersom Silva, acusação proferida pelo Ministério Público Federal, pela PGR (Procuradoria Geral da República) e pela Polícia Federal.
O deputado federal cabo Gilberto Silva votou pela soltura dos mandantes do crime.
Ele é do partido do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, aliado e defensor das milícias do Rio de Janeiro e do acusado – o deputado federal preso Chiquinho Brasão.
- Há de se perguntar: o que levou o deputado federal cabo Gilberto Silva a ser contra o trabalho da polícia que ele integra, do Ministério Público Federal, da PGR a votar pela soltura do deputado preso Chiquinho Brasão, acusado de mandar assassinar Marielle Franco e Andersom Silva?
O deputado federal cabo Gilberto Silva envergonha toda polícia, os policiais, o estado da Paraíba, seus eleitores e o Brasil.
- Gilberto Silva deveria junto com os seus aliados ter encampado o discurso da segurança pública, o endurecimento contra o crime organizado, contra os bandidos e malfeitores.
Entretanto, votou na Câmara Federal para que o acusado Chiquinho Brasão fosse solto.
Caiu por terra a máscara dele e de seus pares, todos hipócritas de plantão.
- O deputado federal Cabo Gilberto Silva deveria estar defendendo os interesses da corporação policial militar que precisa cada vez mais de estrutura, recursos orçamentários expressivos, apoio e ações no campo político.
Ter foco no combate efetivo contra o crime organizado e contra a insegurança que assola os estados e os territórios, onde muitas vezes os policiais são vítimas da violência extrema de marginais ou da falta de condições para trabalhar e se defender.
- Deveria estar defendendo os interesses da Paraíba, na área agrícola, na produção de energia, na modernização de serviços, melhor e mais educação para as crianças, jovens e adultos; investimentos nas universidades; na luta para baixar mais os preços da comida e do combustível; na luta e ações para a proteção, saúde biopsicossocial e segurança jurídica dos policiais e seus familiares.
O deputado cabo Gilberto Silva tem dedicado seu mandato a defender o ex-presidente Bolsonaro e agora a defender o deputado acusado de mandar matar Marielle Franco e Andersom Silva, tudo em nome do projeto liderado por um grupo carioca que deseja a todo custo manter o projeto de poder, associado às milícias.
- Fica evidente que o deputado federal Gilberto Silva negligenciou a causa dos policiais, ignorou a categoria policial que votou nele nas últimas eleições.
É bom enfatizar que o referido deputado foi eleito deputado estadual para defender a classe dos policiais na Paraíba, mas em 2022 preferiu sair candidato a deputado federal com intuito de ficar ao lado de Bolsonaro, em Brasília, abandonando o que se esperava dele que era permanecer aqui no estado defendendo a categoria.
Ou seja, os policiais paraibanos não foram sequer consultados e o que prevaleceu foi seu interesse pessoal.
- No futuro, certamente, aqueles que o elegeram saberão dar o troco. É esperar para ver.
Astronadc Pereira
Tenente da Polícia Militar da Paraíba, formado em Psicologia, com especialização em Criminologia e Psicologia Criminal
- NOTA DO REDATOR do BLOG DO GM – ANOMIA, O QUE É?
O conceito de anomia foi cunhado pelo sociólogo francês Émile Durkheim e quer dizer: ausência ou desintegração das normas sociais.
- A idéia surgiu com o objetivo de descrever as patologias sociais da sociedade ocidental moderna, racionalista e individualista.
O acelerado processo de urbanização, a falta de solidariedade, as novas formas de organização das relações sociais e a influência da economia na vida dos indivíduos após a Revolução Industrial.
- Anomia é um conceito que se refere ao estado social de ausência de regras e normas, onde os indivíduos desconsideram o controle social que rege determinada sociedade.
Em suas obras “Suicídio” (1897) e “Da Divisão Social do Trabalho” (1893), Durkheim define que a anomia social é construída com base na ausência de normas sociais e morais que sirvam de “guia” para a sociedade.
- A “quebra” das referências sociais tradicionais se intensificou conforme a sociedade foi se modernizando, o que ocasionou grandes transformações no modo de vida e pensamento das pessoas, gerando a situação caótica dos dias de hoje, com violência banalizada e generalizada por motivos fúteis.