• Por Radomécio Leite

Muitos consideram João Campos um mito, um fenômeno, uma celebridade, ou até um outsider, um instagramável, dizem outros… mas, na verdade, ele é muito além disso.

  • João Campos se insere no processo político não apenas por si só, mas por ser fruto de uma escola política alicerçada por valores, crenças, ideais de representatividade popular – entremeando ancestralidade com um estilo contemporâneo arrojado na ação executiva, mas que prioriza a conexão com as pessoas atingindo excelentes níveis na relação humana estabelecendo relação imediata com o público.

Miguel Arraes de Alencar surgiu na vida pública em Pernambuco no final dos anos 40, ao assumir o cargo de escriturário, cujo ingresso se deu através de concurso público no Instituto do Açúcar e Álcool de Pernambuco – IAA-PE.

  • Foi através desse emprego que Arraes conheceu Barbosa Lima Sobrinho, governador do Estado, de quem se aproximou e chegou à política, com sua nomeação para ser Secretário da Fazenda de Pernambuco.

Arraes também passou a ter contatos com as elites canavieiras de Pernambuco.

  • Em 1950, Arraes disputou sua primeira eleição como deputado estadual, alcançando a 1ª suplência.

Em 1954, disputa novamente e é eleito deputado estadual pelo Partido Social Trabalhista – PST, dando início a uma trajetória que se consolidou como liderança nacional, tendo sido prefeito do Recife por dois mandatos, governador de Pernambuco em três períodos, deputado federal em três oportunidades, além de grande expoente na luta pelas DIRETAS JÁ, o que lhe reservou o título de “Herói da Pátria”, conferido pelo Senado da República.

  • Mas foi liderando – principalmente – os trabalhadores da palha da cana que Arraes se notabilizou como o líder das massas.

Arraes comandou as Ligas Camponesas, se tornando referência nacional na luta pela terra.

  • Ao assumir o governo de Pernambuco, determinou a estruturação de Sindicatos, intermediou conflitos agrários e pactuou que os patrões pagassem salários mínimos e conferissem direitos ao trabalhadores e trabalhadores, até então superexplorados por usineiros que esgotavam o sangue, o suor e a alma dos humildes, em sua maioria negros que, subjugados, eram explorados à exaustão pelos patrões da cana-de-açúcar.

A liderança, o carisma e o compromisso com Justiça Social de Miguel Arraes lhe deu projeção nacional e o golpe militar o cassou por “crime de subversão”.

  • Em 1979, Arraes volta do exílio em que estava na Argélia, e no desembarque no aeroporto do Galeão, Chico Buarque puxou uma multidão eternizando o canto “Arraes, Arraes, Arraes, a reação vai ficar pra trás”!

Em 1985, Arraes lidera no país o Movimentos pelas Diretas JÁ ao lado de Lula, FHC, Brizola e diversos outros expoentes nacionais.

  • Em 1986, se candidata novamente ao governo de Pernambuco e vence em uma eleição considerada épica, que marcava a volta de Arraes e da democracia ao país, após mais de 20 anos de opressão militar.

  • Poeta Zeto do Pajeú versejava nos comícios aquele que se tornou um hino das campanhas de Arraes e Eduardo:

Não cochila Leão sempre em vigília
Pobre e médio sem nome em desespero
Se alguns deram seus votos a usineiro
Não desejam conforto pra família

O avarento nababo é um sicário 
Pois não sente a nudez do operário 
A opressão desta classe Arraes sentiu

Suportando seus atos e torpezas
Volta Arraes ao Palácio das Princesas
Vai entrar pela porta que saiu.

Nesta terra precisa estar alerta
Quem tem louro e ganância propõe guerra
Os desmandos que há em nossa terra 
Não é usineiro quem conserta

Não esqueça o que fez o José Lopes
Não tentem ingerir cruéis xaropes
Que o pobre da cana ingeriu

Houve morte, torturas e vilezas
Volta Arraes ao Palácio das Princesas 
Vai entrar pela porta que saiu. 

Previnamos o dia de amanhã
Recordemos o golpe tão cruel
Se a terra tem leite, açúcar e mel
Para que ter mendigo em Canaã?

Como honesto e leal passou no teste 
É o líder sem par, ama o Nordeste 
O seu prédio tombou mas não caiu 

Para o pobre ter pão, casas e mesas
Volta Arraes ao Palácio das Princesas
Vai entrar pela porta que saiu.

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