• Por Radomécio Leite

Em 1994, Arraes volta a disputar a eleição para o governo de Pernambuco e conquista o seu terceiro mandato.

  • Eduardo Campos estreia na política sendo eleito deputado federal.

Partindo para o seu terceiro mandato, Arraes aliado de Lula, sofreu brutal perseguição do governo central, que tinha Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, presidente da República e o pernambucano Marco Maciel, do PFL, vice-presidente.

  • Pernambuco foi um dos Estados que menos recebeu recursos da União no período 1995/1998, prejudicando o mandato de Arraes com a negativa de parcerias em políticas públicas e investimentos.

Com a aprovação do instituto da reeleição em 1997, Arraes ganhou o direito de disputar um novo mandato e se lançou na disputa, que teve o ex-aliado da luta pelas Diretas JÁ, Jarbas Vasconcelos, do PMDB, aliado de FHC, como adversário.

  • Com o mandato prejudicado pelas perseguições do poder central, Arraes foi derrotado por Jarbas.

FHC foi reeleito presidente em 1º turno.

  • Lula chega à presidência da República em 2003, Arraes e Eduardo foram eleitos deputados federais na mesma eleição, em 2002.

Arraes foi o deputado federal mais votado no país.

  • Lula nomeou Eduardo como Ministro da Ciência e Tecnologia.

Em 2005, um golpe duro:

  • Arraes falece aos 93 anos, com Eduardo já em aquecimento para disputar o governo em 2006.

A Frente Popular perdera seu grande líder Miguel Arraes de Alencar.

  • Eduardo se candidata ao governo de Pernambuco em uma eleição disputadíssima, marcada pela polarização do campo progressista – PSB/PT e aliados versus o trio PMDB-PSDB-PFL, e que tinha Mendonça Filho, do PFL, candidato à reeleição, que assumiu com a saída de Jarbas Vasconcelos, do PMDB para disputar o Senado.

O PMDB de Pernambuco era dissidente na Direção Nacional.

  • Jarbas seguia em faixa própria, enquanto o partido compunha o governo do presidente Lula, que tinha o apoio das bancadas federais, com o senador José Sarney presidindo o Senado e o deputado federal Michel Temer presidindo a Câmara Federal, em determinado período.

Lula tinha o apoio dos grandes líderes do PMDB à época, a citar, os senadores Renan Calheiros, Jáder Barbalho, o líder do governo na Câmara era do PMDB, o Deputado Federal Wilson Santiago.

  • O campo progressista partiu dividido com as candidaturas de Eduardo Campos, pelo PSB, e do Senador Humberto Costa, pelo PT.

Na apuração dos votos, Eduardo conquistou o segundo lugar com Mendonça Filho, do PFL, em primeiro, e fizeram a disputa de segundo turno com Eduardo vencendo, quando se tornaria governador de Pernambuco.

  • Lula juntou o Humberto com Eduardo e as urnas deram vitória ao neto de Arraes em segundo turno.

Eduardo foi reeleito em 2010, com quase 83% dos votos, já em primeiro turno.

  • Impulsionado por grandes transformações na realidade social e econômica de Pernambuco, tendo o presidente Lula como grande parceiro, Eduardo consolidou posição a partir de Pernambuco e passou a fazer o debate nacional.

Eduardo já vinha como presidente Nacional do PSB desde 2005, sucedendo o Arraes, já tendo coordenado pessoalmente a expansão do PSB para diversos Estados do país, preparando-se para entrar de vez na cena nacional.

  • O PSB com Eduardo estava governando, além de Pernambuco, o Ceará, Piauí e Paraíba.

Em 2014, Eduardo lançou-se candidato à presidência da República e indicou Paulo Câmara para concorrer ao governo do Estado.

  • Em 13 de agosto de 2014, um acidente aéreo chocou o país tirando a vida de Eduardo e sua equipe de campanha.

Encerrava-se ali a trajetória inspiradora de um jovem político que estava sedimentando um novo perfil na política nacional a atrair a atenção de todas as correntes políticas do país.

  • Eduardo era literalmente um produto da nova geração, de extraordinária formação a oferecer ao país uma nova ordem política.

Mas voltando ao tema central, o jovem prefeito da capital pernambucana é muito além de qualquer adjetivação dada pelo calor (ou frieza) da internet, como o que acontecera na onda do “nevou”, em pleno carnaval.

  • Engenheiro Civil de formação pela UFPE, chefe de gabinete do governador Paulo Câmara, deputado federal mais votado em 2018 em Pernambuco, o filho de Eduardo Campos e bisneto de Miguel Arraes, mesmo na pouca idade é inegavelmente a revelação em pessoa na ambiência política do país.

A gênese política de João Campos vêm de seu pai, Eduardo Campos, com o DNA do bisavô, Miguel Arraes.

  • João carrega consigo – e o faz consciente – a carga de ancestralidade positiva como marca preponderante do seu presente e futuro político.

Eis a marca indelével que Pernambuco atesta com entusiasmo, tendo a reeleição como a prioridade que se apresenta, mas com construção de um grande frentão em 2024 já com desembocadouro em 2026 na eleição estadual, assim como fez Eduardo em 2010 e 2014, resolvendo a parada em 1º turno.

  • João segue os passos do pai, assimilando também a engenharia política da construção.

Eduardo em 2014 trouxe para o palanque da Frente Popular, adversários ferrenhos como Mendonça Filho e Jarbas Vasconcelos, superando cizânias pessoais que ocorreram ainda na eleição de 1986, quando Jarbas desertou da Frente Popular se juntando a José Mendonça e outros caciques para montar palanque contra Miguel Arraes.

  • João fez algo semelhante recentemente, ao reagrupar com o grupo liderado pelo ex-senador Fernando Bezerra Coelho, líder político de Petrolina com atuação no Sertão pernambucano, que havia desertado do campo progressista para as hostes bolsonaristas.

Solucionou também a relação com Marília Arraes, que estava em dissidência política desde 2014, encerrando portanto, quase dez anos de tensionamento político.

  • É óbvio que o jovem prefeito recifense possui toda uma estrutura de equipe profissional e de recursos para impulsionar seu potencial, mas que é inegável todo o conjuntos de atributos pessoais que ele tem em seu DNA, demonstrado, sobretudo maturidade, determinação, disciplina, conhece da história e valoriza o legado que o trouxe até aqui.

Em Pernambuco, já dizem com João em 2024, o que diziam com seu bisavô Miguel Arraes em 1962:

  • – Quem foi bom prefeito, será bom governador.

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