Ricamente ilustrado, o livro Suanê – Artebiografia, conta a história da artista e apresenta a variedade de sua obra.
- O resgate do trabalho e do nome de Suanê só se fez possível graças ao laborioso cuidado de seu sobrinho, o jurista Paulo Barros de Carvalho, destaque no ensino e na prática do direito tributário brasileiro e colecionador de arte.
Paulo e sua esposa, Sonia de Barros Carvalho, acompanharam Suanê até seus últimos anos, em sua criação constante, e conseguiram que, ainda em vida, fosse publicado um livro contando essa história: Suanê – Artebiografia (2019, Editora Noeses), escrito pelos historiadores Francisco de Sales Gaudêncio e Hernani Maia Costa.
- “Era uma pessoa singela, diferente, sem desejo de autopromoção”, ressalta Paulo.
No ano seguinte, 2020, quando faleceu a artista, Paulo e Sonia criaram o Projeto Suanê, que catalogou e digitalizou mais de 600 itens desse acervo e realizou pesquisas que, além da exposição no MAC-USP, intitulada “O Pernambuco Cósmico de Suanê”, geraram o catálogo homônimo da mostra (2024, Editora Noeses), o site do projeto e segue atualmente atuante nos estudos e difusão do trabalho da artista.
- O historiador Francisco de Sales Gaudêncio, que mora em João Pessoa-PB, conta sobre o processo de construção do livro:
“Conheci Suanê em uma entrevista para a biografia do seu sobrinho, Dr. Paulo. Em seguida, começamos o trabalho para a ‘artebiografia’ dela. Foram três anos e o projeto de uma exposição no Recife-PE, mas ela mudou de casa e ocorreu a pandemia de Covid, alterando os planos”.
- Gaudêncio lembra da artista como uma mulher impregnada de arte.
Observa, em suas referências sertanejas, o universal contemporâneo.
- Não esconde também a admiração que a personalidade de Suanê despertou nele:
“Eu não sou crítico de arte, sou um historiador. Mas a lembrança do convívio com os indígenas, a admiração por essa cultura e até os hábitos que mantinha me impressionaram”.
- No entanto, o nome da artista permaneceu no ostracismo até esta recente retomada paulista.
Antes da exposição do MAC-USP, uma busca na Internet revelaria poucas e curtas referências e seus 70 anos de trabalho eram ignorados.
- Agora, já se vêem textos que remontam sua história, mas ainda é pouco para o potencial do conjunto.
Porém, Sales Gaudêncio e Mário Hélio, incansáveis na prazeirosa tarefa de sempre montar constantemente novos projetos, prometem novidades, em breve.
NOTA DO REDATOR – Parte deste texto foi baseado na matéria de 14 páginas (bilíngue, sendo sete em português e igual número em inglês) publicada na Revista Continente Nº 276 de JUL-AGO-SET de 2024, de autoria de CARLOS COSTA, jornalista, graduado pela UFPE e reproduzidas aqui nesta postagem, gentilmente cedidas gratuitamente pela CEPE (Companhia Editora de Pernambuco).
- Se não fosse pelo trabalho hercúleo realizado em parceria, sendo quase um esforço comparado ao de Sísifo (LEIA NOTA DE RODAPÉ NO FINAL DESTA POSTAGEM) desenvolvido pelos conterrâneos paraibanos Sales Gaudêncio e Mário Hélio, ambos Acadêmicos de Letras, em João Pessoa-PB e Recife-PE, respectivamente, até hoje talvez permanecesse desconhecido o poder de sua arte, sem ter sido resgatada a obra e história quase perdida de uma pintora pernambucana – O Universo Cósmico de Suanê.
- QUEM FOI SÍSIFO:
O Mito de Sísifo é uma famosa história da mitologia grega que gira em torno da figura de Sísifo, um rei de Corinto, conhecido por sua astúcia e sabedoria prática.
- Sísifo era notório por sua inteligência, frequentemente usando-a para enganar os deuses gregos.
Como consequência de suas ações, de revelar segredos dos deuses aos mortais, e conseguir interromper o ciclo de vida e morte entre os humanos, Sísifo foi condenado a um castigo eterno no submundo.
- Seu castigo foi forçá-lo a empurrar uma enorme e pesada pedra morro acima.
No entanto, toda vez que ele se aproximava do topo, a pedra magicamente rolava morro abaixo, obrigando Sísifo a começar sua tarefa novamente.
- Esse ciclo estava fadado a se repetir para sempre, pelos deuses do Olimpo, representando um trabalho interminável e inútil.
Ao contrário da parceria Paraíba-Pernambuco, que dela, vários frutos já brotaram e ainda brotarão, pelo forte trabalho de semeadura realizado por Sales Gaudêncio e Mário Hélio.
- Este esforço, enfim, não será inútil, libertando o mal-fadado Sísifo da sua quase agonia eterna.