- Passados quase 25 anos do início do século XXI, a inserção de pessoas pretas no mercado de trabalho ainda é incipiente e problemática, principalmente para as mulheres.
Os desafios vão da falta de oportunidade para a qualificação profissional à diferença salarial entre os gêneros.
- Segundo o estudo “Estatísticas do Gênero”, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda que sejam mais da metade das pessoas em idade de trabalhar, a taxa de participação delas na força de trabalho foi de 53,3%, enquanto a dos homens era de 73,2%, o que representa uma diferença de 19,9 pontos percentuais.
Mas, mesmo que lentamente, esse cenário está mudando.
- De acordo com o censo interno realizado pela AeC, empresa de contact center presente em sete Estados do país, 68% dos cerca de 55 mil colaboradores se declaram negros ou pardos e 66% do total são mulheres.
A diversidade se apresenta ainda nas declarações de gênero, com 28% de integrantes da comunidade LGBTQIAP+ ou pessoas trans e não binárias.
- No quesito formação profissional, 41% têm a empresa como primeiro emprego e 67% informaram já ter exercido trabalho informal.
A oportunidade de ter uma carteira assinada e ainda construir um futuro são apontados como os grandes atrativos da atividade.
- Aos 35 anos de idade, a coordenadora de qualidade Vivianne Tamiris Santos Nascimento não esconde que vive o seu melhor momento profissional.
“Tive uma ascensão profissional que, em seis anos trabalhando no comércio, não consegui alcançar. E não foi por deficiência de desempenho já que cheguei a treinar pessoas para o cargo de gerência. E ainda alcancei mais: em seis meses, concluo meu curso superior em Gestão Comercial e sei que a minha trajetória na empresa não termina aqui. Posso e quero chegar a uma posição executiva”, planeja.
Viviane Nascimento, supervisora de qualidade
- A certeza do crescimento profissional vem, é claro, do empenho pessoal de Vivianne e das oportunidades que encontrou na AeC.
“Ainda durante o processo seletivo, procurei saber se me seriam dadas oportunidades para crescer e, diante da resposta positiva, investi ainda mais na minha formação”, relata.
- Essa preocupação com a progressão na carreira é comprovada por números: em setembro deste ano, um estudo realizado pelo Instituto Ethos denominado “Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas 2023-2024” apontou que, apenas 3,4% dos cargos executivos são ocupados por mulheres negras.
E nos conselhos de administração, que são responsáveis pelas decisões estratégicas das empresas, essa porcentagem cai para 1,8% de mulheres negras, enquanto 77% são homens brancos.
Liderança feminina
Mais uma vez, na contramão dos dados, emerge outra história: a da baiana Denise Rodrigues, de 43 anos, supervisora de facilities na AeC, que comanda uma equipe de 18 pessoas.
- Ela, que vive em Mossoró (RN) há nove anos com o marido e os quatro filhos, conta que, em vários momentos de sua carreira desistiu de se candidatar a vagas de trabalho por vergonha e ou medo de decepcionar as pessoas.
“Via os anúncios e percebia: eles querem mulheres brancas, de cabelo liso. Aqui na AeC, recebi um tratamento diferenciado, sendo possível perceber já na entrevista de admissão a preocupação da empresa com o profissional e suas diferenças. Dentro da minha sala, por exemplo, convivemos homens mulheres, negros, brancos com total harmonia e alegria”, diz, com orgulho.
Denise Rodrigues, supervisora de facilities
A diversidade e o respeito à pessoa estão expressos em um dos valores da empresa que diz:
- “Cada ser é único e especial em nosso ambiente de trabalho. Não distinguimos cor, etnia, gênero ou orientação sexual. O ambiente é livre para cada um agir com naturalidade e expressar o seu eu verdadeiro”.