- Por: Hilton Gouvêa
- Especial para o BLOGdoGM
O político e empresário Marcos Odilon Ribeiro Coutinho, também eleito prefeito de Santa Rita por quatro vezes, costumava dizer que “nesses mangues e falésias de natureza selvagem, um dia serão construídas pontes e estradas, que se fincarão ao lado do turismo e da história.”
- Palavras proféticas.
Hoje, a Ponte do Futuro e obras paralelas confirmam essas previsões, abaixo relatadas, retiradas do arquivo do autor, Hilton Gouvêa, para este BLOGdoGM.
- O guardião dos mares
Uma sequência de lampejos duplos, alternada por um só lampejo.
- O facho de luz se ergue do grande monumento em meio a escuridão do mar, varre as trevas sob qualquer tempo e alcança 16 milhas náuticas, indicando aos navios o caminho seguro do ancoradouro.
A bordo, o comandante conta o número de lampejos em seu equipamento especial e confere que está na Costa da Paraíba, bem pertinho do canal que dá acesso ao Porto de Cabedelo.
- O guardião dos mares cumpriu mais um objetivo: levar a embarcação, sã e salva, ao ponto de amarração e ancoragem.
Desta forma, comprova-se que, mesmo na era das embarcações computadorizadas, os faróis marítimos continuam úteis à navegação de grande ou pequeno porte.
- O monumento em referência é o FaroI de Pedra Seca, situado em Praia Formosa, no Litoral Norte, uma das mais frequentadas de Cabedelo, a 18 Km de João Pessoa.
Este gigante de pedra, que foi construído em terra firme, hoje se encontra a 1,5 milhas da Costa.
- Ao longo dos seus 114 anos de existência, o mar avançou no perímetro das praias Formosa e Ponta do Mato, ora deixando um rastro de areia atrás de si, ora cobrindo de água casas e coqueiros a sua frente.
O farol vingou.
- E está de pé, no estratégico papel de guardião dos mares, tarefa que iniciou quando o Brasil ainda vivia sob a égide do governo Imperial.
Na época em que D. Pedro II encomendou a construção do farol a uma empresa da Escócia – 1869 -, a Guerra do Paraguai havia terminado há três anos, faltavam 18 para a abolição dos escravos e 19 para a Proclamação da República.
- Cabedelo, então, não passava de uma enseada procurada por embarcações maiores, para fundearem.
Era um local seguro, com pouca ocorrência de croas e arrecifes.
- Anos depois surgiria o atual porto.
Mas, o Farol de Pedra Seca já estava lá, com seu olho ciclópico, iluminando a escuridão.
- O queimador original do faroI foi substituído em 1992 por um eclipsor AGA automático, a acetileno.
Com isso, a vigília dos faroleiros, tão romantizada em filmes e livros, foi substituída por uma confortável visita mensal, apenas para checar como andam os equipamentos.
- O faroleiro de Pedra Seca, por exigência profissional da Marinha Brasileira, mora em terra firme diante do farol, a duas milhas de distância.
E tem a seu dispor barcos, ferramentas e equipamentos para agir em situação de emergência.
- Quem discorda do fato de que o Farol de Pedra Seca foi construído em terra, basta dar uma olhadinha na foto que pertence ao agente de navegação Paulo Menezes, estabelecido em Cabedelo, e eliminar as dúvidas.
Este campinense, que admira os feitos das forças armadas, é dono da maior relíquia fotográfica da Paraíba, que é justamente o Farol de Pedra Seca construído em terra firme.
- “A casa do faroleiro está aqui do lado”, aponta ele, para certificar que, além do farol, havia a casa do encarregado, hoje encoberta pelas águas, indicando como são perigosas para a navegação.
Dos 57 naufrágios catalogados no Litoral paraibano, apenas cinco são conhecidos e visitados regularmente pelas operadoras de turismo subaquático.
- A maior ocorrência de afundamentos concentra-se em dois pontos distintos: ao Norte, em Cabedelo, próximo à desembocadura do rio Paraíba, e ao Sul, em Jacumã, perto da desembocadura do rio Gramame.
De acordo com as pesquisas do SINAU – Sistema de Informações de Naufrágios – uma organização criada em 1995 pelos biólogos e pesquisadores marinhos Carlos Aciolly e Mauricio de Carvalho, os naufrágios registrados na costa paraibana são 57.
- No mar perto de Camaratuba e Baía da Traição, existem os restos da carcaça de um avião militar americano muito visitados por mergulhadores.