• Por Mário Hélio

Não há humanidade sem símbolo. A própria riqueza etimológica da palavra símbolo já o diz. Em suma, precisamos dele como da água, do ar, da terra, do fogo: cada um desses, símbolos também.

  • Na França é frequente colocar-se uma placa nos endereços onde nasceram ou viveram aqueles que são considerados importantes para a identidade local. Uma sinopse inscrita poupa o curioso de perguntar: quem foi?

Há duas semanas, o município de São João do Rio do Peixe resolveu marcar como especial a rua Líbio Brasileiro, 67. O exato lugar onde nasceu e morou um dos seus filhos mais ilustres: o escritor, historiador e professor Francisco de Sales Gaudêncio.

  • Repetiu-se naquele ritual um dos melhores afrancesamentos do Brasil. Paris formou e firmou, ao longo do tempo, uma nova forma de geografia: a simbólica. No exemplo regional, uma iniciativa da Academia Paraibana de Letras.

Humanos de alta estirpe na inteligência e sensibilidade elevam o significado de um lugar. Infundem poesia e uma nova aura às letras e números e, às vezes, até se sobrepõem aos homenageados que nomeiam as ruas.

  • Quem foi Lopes Chaves? Foi na rua dele – nº. 456 – que Mário de Andrade morou, por longos anos, até sua morte, ocorrida há exatos oitenta anos. Quem foi Coelho da Rocha? Ali, – nº. 16 -, morou Fernando Pessoa, e lá está sua casa-museu.

Quem foi o engenheiro Carlos Augusto do Nascimento e Silva? Poucos sabem responder, de pronto. Mas muitos podem cantar o número 107. Onde morou Tom Jobim.

  • Mais do que um endereço, uma canção, uma “Carta ao Tom 74”. Uma placa, assinada pela Confraria do Copo Furado, e datada de Ipanema, 1996, está posta no endereço: “Aqui viveu o músico, compositor e poeta, o maestro Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994). Memória é vida.”

João Pessoa, 11 de outubro de 2025

  • Mário Hélio
    Jornalista, Antropólogo e membro efetivo da Academia Pernambucana de Letras

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