• Por: Giovanni Meireles
    Redator do BLOGdoGM

Confira abaixo, entrevista exclusiva no estilo jornalístico ping-pong (perguntas e respostas diretas, sem manipulação do texto e nem modificação da narrativa, fiel às declarações da respectiva depoente, 100% testemunhal).

Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT – 13ª Região – Paraíba) Ana Clara de Jesus Maroja Nóbrega

  • 1 – Qual seu parentesco com Amaro Gomes Coutinho?

Nossa família Maroja não possui qualquer parentesco com Amaro Gomes Coutinho.

Ele apenas foi o proprietário do Engenho do Meio à época da Revolução Pernambucana de 1817, propriedade que, desde a década de 1930, pertence à minha família.

Amaro Gomes Coutinho era paraibano, nascido em 1774 e falecido em 27 de agosto de 1817, em Pernambuco.

Foi Cavalheiro da Ordem de Cristo e desempenhou papel importante na Revolução de 1817, também conhecida como Revolução Pernambucana ou Revolução dos Padres.

Defensor dos ideais de liberdade, participou do primeiro movimento republicano iniciado no Nordeste, com apoio da Paraíba e do Ceará, de caráter emancipacionista, visando à proclamação da independência.

Era senhor de terras e de outros bens materiais, filho do Coronel Amaro Gomes da Silva Coutinho e de Cândida Rosa de Aragão, casado com Ana Clara Coutinho.

Foi preso em Mamuaba (PB), para onde fugira disfarçado com o hábito de carmelita, sendo condenado à morte pela Comissão Militar de Pernambuco.

Subiu à forca no Campo da Honra, no Recife, em 27 de agosto de 1817.

Após a execução, seu corpo foi arrastado à cauda de um cavalo até o cemitério da Matriz do Santíssimo, no Recife.

Sua cabeça e mãos, depois de salgadas, foram expostas inicialmente em sua propriedade Zumbi, na Paraíba, sendo recolhidas após quinze dias pelo inglês Francisco Stuand, que as entregou à sua viúva, Ana Clara, a qual as sepultou na Capela de São Miguel, localizada no Engenho do Meio, em Santa Rita (PB).

Meu pai relatava que Ana Clara concedeu alforria a um escravo para que este resgatasse os restos mortais do marido — que estavam expostos — e os levasse até ela, para que pudesse sepultá-los na capela do Engenho do Meio.

  • 2 – Qual o nome da sua mãe? Foi ela quem descobriu e desenterrou os restos mortais de Amaro Gomes Coutinho?

Minha mãe chamava-se Antônia Câmara Simões.

Ela descobriu, por acaso, os restos mortais de Amaro Gomes Coutinho.

Somente depois, concluiu tratar-se dele, pois a descoberta ocorreu nas imediações do altar da capela, e provavelmente se tratavam dos ossos da cabeça e das mãos.

  • 3 – Em que ano ou data aproximada essa descoberta foi feita por sua genitora?

Não sei precisar a data exata, mas acredito que tenha ocorrido por volta da década de 1940.

  • 4 – Há intenção de traslado dos restos mortais de Amaro Gomes Coutinho?

Minha família não tem intenção de realizar o traslado dos restos mortais de Amaro Gomes Coutinho para o Cemitério da Boa Sentença.

A Capela de São Miguel, localizada no Engenho do Meio, onde certamente foram sepultadas a cabeça e as mãos do herói de 1817, pertence à nossa família Maroja há quase um século, desde a década de 1930.

Nossa intenção é construir um ossário na capela, destinado a guardar os ossos e as cinzas de nossos entes queridos, preservando, assim, a memória familiar e o patrimônio histórico do local.

NOTA DO REDATOR DO BLOGdoGM:

  • Nomes históricos: Engenho do Meio, Engenho Middelburg (Middelburgo), Mi∂Ԑlbourg Ԑngenho (durante o domínio holandês); Engenho São Gabriel; Engenho São Miguel Arcanjo.
  • Natureza: Engenho de roda d’água (moinho) com igreja.
  • OBSERVAÇÃO: O pai da Desembargadora Ana Clara de Jesus Maroja Nóbrega decidiu escolher para batizá-la com o mesmo nome da viúva de Amaro Coutinho, Ana Clara, justamente por admirar a coragem destemida daquela sofredora senhora, despojada de todas as suas posses e perseguida pelos governantes coloniais portugueses, no início do Século XIX.
  • Inglês que mandou resgatar restos mortais: Existem várias versões para o nome real do Cônsul do Reino Unido aqui na Paraíba, na época: Joseph Iordan Stuart, Francis Jordan Stuart, Josef Studart e ainda Francisco Stuand.
  • CRÉDITO DAS IMAGENS:
    Paraíba no Passado – Canal no YouTube

Leave a comment