• Por: Hilton Gouveia
    Especial para o BLOGdoGM

O industrial, escritor, historiador, político e escritor Marcus Odilon Ribeiro Coutinho, guardava, em seu cérebro, muitas histórias ocorridas na Várzea do Paraíba.

  • Uma delas lhe foi contada por seu primo, o também usineiro, político e escritor, Odilon Ribeiro Coutinho, e se passou na área do Engenho Patrocínio, alguns quilômetros acima do Arco Metropolitano (atualmente em construção).

Na manhã do Natal de 1701, o rico capitão donatário da capitania da Parahyba do Norte, Matias Soares Taveira, recebeu, em seu engenho, o mascate italiano Gino Cossineli.

  • O rapaz, bem trajado e bonitão, falando um português com leve sotaque, apresentou a mercadoria que trazia da Europa a Gertrudes, a filha caçula do Capitão-mor: vestidos finos, calçados, jóias e similares.

O capitão também adquiriu botas, cintos, adagas e cartucheiras, além de armas de fogo.

  • As carroças que compunham o comboio do mascate, em número de quatro, ficaram quase limpas.

Depois do banho da tarde, todos foram jantar.

  • Mas ninguém notou o interesse exagerado de Gertrudes por Gino e vice-versa.

Em súbito momento, o rapaz revelou seu desejo de pedir a mão da moça em casamento.

  • Mas ela o desaconselhou: “Ele não concederá isto porque você não é nobre!”

Com este obstáculo surgido, o casal resolveu fugir pela madrugada.

  • Mas o capitão Matias Taveira mandou seus homens atrás e os dois foram surpreendidos perto de Goiana (PE).

Ao chegarem ao Engenho Patrocínio um castigo horrível os esperava.

  • O mascate, que já havia despachado seus homens e as carroças por outra rota, foi levado aos trancos para uma pequena casa por trás da capela.

Lá, cortaram-lhe o sexo e o mataram.

  • Quanto à moça, foi conduzida à meia-noite para o porão da Casa Grande, e após ser apresentada às irmãs e outras mulheres da fazenda, foi enterrada viva.

É preciso explicar que na dura lei do início do Século 18, segundo a legislação colonial aplicada no Brasil, o donatário ou capitão-mor tinha poder de vida e morte sobre seus governados.

  • Essa história veio a ser conhecida na terceira gestão de Marcus Odilon como prefeito, em Santa Rita.

Na sua quarta gestão, Marcus Odilon descobriu a pequena cova em que o mascate estava enterrado.

  • A moça e o pai estavam sepultados dentro da capela, a única da área que tem telhado em forma de abóbada.

Ainda hoje existe uma lápide dentro da igrejinha com as inscrições:

  • “Aqui jaz o Mestre de Campo Mathias Soares Taveira. Falecido em…” (ilegível devido ao desgaste do tempo e pela passagem de solados de sapatos pisando por cima da data, apagando o letreiro esculpido na pedra calcárea do pequeno jazigo).

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