
Por: Hilton Gouveia
Especial para o BLOGdoGM
- O homem que chegou a movimentar milhões em prata, ouro, diamantes e brilhantes valiosos, como secretário do Padre Cícero Romão, do Juazeiro (CE), morreu misteriosamente na sarjeta, atingido por 42 punhaladas.
Naquele momento em que Benjamin tombou, três personagens da então tumultuada política nordestina tombaram antes dele:


- Floro Bartolomeu, padre Cícero Romão e Pedro de Albuquerque Uchôa, o agrônomo que deu foros de legalidade às patentes de Capitão, para Virgolino, de Tenente para Sabino e de Sargento, para Antônio, um dos irmãos de Lampião.
O único homem no mundo que conseguiu filmar ao vivo Lampião e seu bando foi assassinado misteriosamente há 87 anos e o crime continua sem desfecho positivo.

- Tudo aconteceu na noite de 7 de maio de 1938 – Lampião morreria em 28 de julho do mesmo ano, quando Kalil caminhava para seu quarto numa pensão de Pau Ferrado (PE) alguém, acompanhado ou não, desfechou-lhe 42 punhaladas.
Uma voz cavernosa surgiu na escuridão e ainda advertiu Antônio Paranhos, amigo de Kalil:

“Sai daí que a bronca é feia!”.
- A partir dali, acabara-se o mito do “turco” que padre Cícero contratara como tesoureiro, a quem confiou a guarda de milhões de contos de réis em ouro, prata, brilhantes, safiras, dinheiro e diamantes.
Era este o acervo da Paróquia de Juazeiro, quando Kalil assumiu sua direção.

- Padre Cícero se impressionou com aquele rapagão que apareceu na sua frente em Juazeiro.
O sacerdote estranhou seu sotaque e perguntou -lhe de onde era.
- “Sou de Belém, onde nasceu Cristo,” respondeu o libanês, que aos 15 anos fugiu do alistamento militar, em sua terra, e foi tentar a vida em Recife, com seus primos, os Elihimas, atacadistas em miudezas.
Após verificar que sua praia não era vender bugiganga, Kalil arranja um contrato com a Aba Filmes em Fortaleza, obteve apoio da Bayer e do empresário, montou um jogo razoável de equipamentos e pôs o pé no caminho, em busca de Lampião.

- Em março de 1936 , os cabras Marreca e Juriti percebem um homem estranho entre as fazendas Lajedo Alto e Poço do Boi (AL) e o conduzem até um dos coitos de Lampião.
O capitão convidou o estranho para almoçar carne de bode com farinha e rapadura.
- E gostou do jeito do “jornalista,” quando este lhe apresentou as credenciais do Diário de Pernambuco.
Quando Lampião soube que o seu hóspede fora protegido do “padim” Cícero Romão, deixou-o mais tranquilo ainda.

- Kalil improvisou filmagens com o bando simulando combates.
Passou cinco dias nesta faina.
- Ao despedir-se, deixou saudades, principalmente com a Rainha e o Rei do Cangaço.
A revelação dos filmes e fotos em Fortaleza, causou entusiasmo generalizado.

- Quando Kalil mostrou seu trabalho a Lampião, só quem não gostou foi o cabra Gato.
Ele nunca topou com a cara de Kalil.
- Nem participou das filmagens.
Em Fortaleza, o entusiasmo agudo sobre as filmagens com Lampião, recebeu um aceno de proposta de Hollywood, segundo afirma Frederico Pernambucano de Mello, em seu livro “Entre Anjos Cangaceiros e Demônios.”

- Todos só esqueciam de um detalhe: um baixinho gaúcho, chamado Getúlio Vargas, como Bandeira de campanha para presidente do Brasil jurou acabar com o cangaço.
E deu carta branca para as polícias estaduais executarem o projeto, até oferecendo prêmio em dinheiro, pela cabeça de Lampião e outros cangaceiros.
- Chamado ao IV Exército, em Recife, Kalil foi preso e teve o filme apreendido.
A falência bateu em sua porta.

- E o malogro de uma vaquejada lhe custou um prejuízo de três mil contos de réis (moeda da época).
Ninguém atendeu aos apelos do “turco” a fim de tapar seu rombo financeiro.
- Foi quando ele começou a boatar que diria às autoridades os nomes dos Coiteiros que apoiavam o rei do cangaço.
A morte foi a resposta que obteve.

ATENÇÃO – O FILME ORIGINAL NÃO TEM SOM AMBIENTE GRAVADO POR SER DA ÉPOCA DO CINEMA MUDO – A NARRAÇÃO FOI ACRESCENTADA DEPOIS DA PRIMEIRA RESTAURAÇÃO FEITA PELA CINEMATECA NACIONAL:

