A Prefeitura Municipal de Sapé está divulgando a programação oficial da Semana Comemorativa referente ao aniversário de 138 anos de nascimento do “Poeta da Morte”, Augusto dos Anjos, nascido no dia 20 de abril de 1884, no antigo engenho Pau D’Arco, depois transformado em usina Santa Helena, hoje desativada.

Na cidade há várias instituições, ruas, praças, logradouros públicos, repartições, etc com o nome de Augusto dos Anjos, também eleito por votação popular organizada pela TV Cabo Branco, afiliada local da Rede Globo de Televisão, como sendo “O Paraibano do Século XX”.

Sobre Augusto dos Anjos, transcrevo abaixo algumas palavras de outro grande, enorme, genial paraibano: Ariano Suassuna, escritas para a “Folha Ilustrada” encarte cultural do jornal Folha de S. Paulo, em 12 de março de 2001.

VIVA AUGUSTO DOS ANJOS – ARIANO SUASSUNA (Não votem em mim, porque eu mesmo vou votar nele)

Em 1971, no prefácio que fiz para “As Emboscadas da Sorte”, de Maximiano Campos, afirmei:
(…)
A Escola Nordestina, viria a dar origem a dois livros geniais e que se assemelham em vários aspectos: “Os Sertões”, de Euclydes da Cunha, e “Eu”, de Augusto dos Anjos.
(…)
Ambos são livros solitários, grandes, ásperos, arrevesados. Ambos padecem de cientismo. Ambos são livros de duende, para usar uma expressão de García Lorca.

O duende de todos dois é fúnebre, se bem que, aí, haja uma diferença, porque o duende de Augusto dos Anjos é mais noturno e esverdeado e o de Euclydes da Cunha é mais ensolarado e pardo, o que, talvez, se deva às próprias diferenças que existem entre a mata e o sertão.

Transcrevo essas minhas palavras de 1971, primeiro, para mostrar como é antiga minha admiração por Augusto dos Anjos. Todas as pessoas que me conhecem sabem que considero “Os Sertões” como o ensaio mais importante até hoje escrito para interpretar o Brasil e seu povo.

Assim, ao dizer que “Eu”, de Augusto dos Anjos, é o equivalente de “Os Sertões” no campo da poesia, estou dando uma idéia daquilo que o grande poeta paraibano representou e representa em meu universo de escritor.

Em segundo lugar, se resolvi reproduzir aquelas palavras em que fiz o elogio de Augusto dos Anjos, é porque a Rede Globo Nordeste está promovendo, em meu Estado natal, uma eleição popular para a escolha do paraibano do século.

E, com grande alegria, recebo a notícia de que Augusto dos Anjos está ganhando a eleição, numa lista da qual Celso Furtado e eu somos os únicos vivos.
(…)
Quer dizer: não existe mais nem silêncio nem hostilidade. Alguns dos melhores críticos brasileiros começam a perceber a importância do grande poeta que o povo da Paraíba está repondo num trono que sempre foi seu.

E esse é o caminho certo: na minha visão das coisas, títulos como esse devem coroar a cabeça de poetas, de romancistas, de dramaturgos ou de ensaístas.

Se fôssemos chamados a escolher o espanhol ou o inglês do milênio, acho que ninguém teria dúvida: os eleitos seriam Cervantes e Shakespeare, porque os artistas são aqueles que melhor encarnam, resumem e simbolizam seus povos.

Assim, peço às pessoas que eventualmente ainda pensam em sufragar meu nome, que se juntem a mim para votarmos em Augusto dos Anjos, a fim de que a Paraíba não deixe de dar a seu maior poeta o título de paraibano do século.

NOTA DO EDITOR DO BLOG DO GM: Ariano Suassuna morreu em 23 de julho de 2014 e Celso Furtado faleceu no dia 20 de novembro de 2004.

CONFIRA, ABAIXO, A PROGRAMAÇÃO DESTE ANO SOBRE AUGUSTO DOS ANJOS, EM SAPÉ:

1 Comment

  • Ana Maria Almeida
    Posted 15 de abril de 2022 18:33 0Likes

    Parabéns Giovani Meireles

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